Mesmo atrasado, venho aqui disponibilizar uma lista e alguns comentários a respeito dos filmes que, no meu ponto de visto, figuraram como os melhores do ano que passou. Alguns deles não foram originalmente lançados neste ano (temos filmes de 2008 e 2009 na lista, por exemplo), contudo só foram disponibilizados para o espectador brasileiro neste ano que passou, seja na tela de cinema, seja diretamente em DVD/Bluray. Sem mais delongas, segue abaixo meu TOP 10 2010. Concordam? Discordam? Falta algum filme? Alguem dos títulos não mereceria estar nesta lista? Comentem o post para que possamos refletir sobre quais realmente foram os “melhores” filmes do ano que já se foi.

1. TROPA DE ELITE 2


O que falar deste filmaço que destruiu (no bom sentido) as bilheterias nacionais. Um verdadeiro fenômeno, podendo até mesmo receber a alcunha de Avatar brasileiro (pelo faturamento), Tropa de Elite 2 é um filme que beira a perfeição. Direção precisa e dinâmica de José Padilha, excelente elenco (do sensacional protagonista Wagner Moura até o mais “insignificante” coadjuvante), ritmo sensacional, trilha sonora tensa e precisa e, não menos importante, um roteiro muito bem amarrado, que equilibra com perfeição conteúdo com embasamento (independentemente da sua linha de pensamento, é inegável que o roteiro do filme é bem construíd0) e fantasia/ação (ou você acha realmente que o filme é um reflexo da realidade? Tropa  2 é, ao meu ver, uma projeção do que se pode enxergar como real, um produto com finalidade de catarse, de cutucar o expectador acerca das possibilidades do cotidiano, do hoje). Raramente o Brasil consegue conceber uma obra que alie ousadia em seu conteúdo à excelência técnica e narrativa (característica essa dominante nos filmes norte-americanos), e Tropa de Elite 2 é um dos que conseguiram se sobressair, pois, no fundo, cinema além de arte é em todo sentido entretenimento. E, como é de conhecimento de todos, debate que investe apenas na ideia e não explora a forma de passar esta ideia torna-se maçante, chato, irritante, intragável. Senso assim, cinema é em sua essência entretenimento e deve ser sempre visto dessa forma. Portanto, com Tropa  2 consegue, com todos os méritos, ser um excelente produto de entretenimento com nuançes de debate. Clássico! Para ver a crítica completa, clique aqui.

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2. TOY STORY 3


De chorar! É inacreditável a quantidade de emoções o que o pessoal da Pixar Animation consegue transmitir em suas animações. E, para não quebrar a rera, mais uma vez apresentaram um produto de primeiríssima qualidade que, se não supera seus últimos laçamentos (não me entenda mal mas, para mim, desde Ratatouille não há como evoluir mais, sendo assim a Pixar faz algo praticamente “impossível”: mantém o nível de excelência em todas as suas animações subseqüentes. De chorar! Toy Story 3 é um excelente fecho para a saga dos brinquedos liderados pelos queridos bonecos Woody e Buzz. Um misto de emoções é o que este filme traz. Te faz rir. Te faz chorar. Mas, como toda boa aventura, deixa aquele gostinho (e, por que não, esperança) de quero mais. Quem sabe um dia não pinta mais uma seqüencia. Entretanto, isso não importa, pois todos esses amáveis “amigos” (não mais simples brinquedos) estarão para sempre em nossas pensamentos e corações. E lá, em nossas mentes e corações, a aventura nunca para. Quer saber mais? Leia a crítica completa aqui.

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3. A ORIGEM (Inception)


Mas o que foi isso? Indepentemente da intriga dos que não acharam este filme brilhantemente inovador ou daqueles que o vêem como um produto revolucionário e filme mais surpreendente desde Matrix, A Origem é uma obra de primeira grandeza. Dinâmico, intrigante, bem escrito, visualmente fabuloso, ambicioso e compacto, com certeza é uma dos melhores filmes que aliam ação e efeitos especiais mirabolantes com uma trama que privilegia a discussão e que ousa ao jogar a sua conclusão para o espectador: Cobb (personagem do cada vez melhor Leonardo DiCaprio) está sonhando ou não? Cabe ao espectador dizer. E, como toda boa obra do gênero, dicutir e discutir e discutir e formular teorias e discutir e discutir… 2010 pode não ter tido um arrasta-quarteirão (em todo os sentidos) como Avatar, mas com toda a certeza esse A Origem supriu com sobra devido a sua capacidade inovar aquilo que já não é novo. Compreendeu? Será isso um sonho? Brilhante!

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4. Ilha do Medo (Shutter Island)


Seguindo uma linha psicológica muito parecida com A Origem (em essência, não em conteúdo, que fique bem claro), o primeiro trabalho do veterano diretor Martin Scorsese após faturar o Oscar (Os Infiltrados, em 2006) é soberbo. Também protagonizado por Leonardo DiCaprio, Ilha do Medo nos leva a uma jornada psicológica dentro de um ambiente inóspito (no caso, um sanatório afixado na ilha do título do filme) que na verdade se revela uma jornada dentre da mente humana (mais uma semelhança para com o filme citado acima). Um misto de suspense, horror, drama e “aventura” (o tom de fábula permeia grande parte da projeção, Ilha do Medo é prova cabal de que Scorsese não perdeu a mão, DiCaprio realmente é um ator diferenciado (mereceria mais uma indicação ao Oscar por este papel) e que é possível discutir temas complexos acerca da mente humana num produto puramente de entretenimento. Excelente produto que, devido ao seu lançamento ter sido bem no começinho de 2010, muito provavelmente não será lembrado pela Academia na premiação do Oscar este ano. Uma pena, pois o mesmo teria qualidade suficiente para brigar de igual para igual com qualquer título.

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5. A Estrada (The Road)


Eis aqui um dos melhores filmes com temática “pós-apocalíptica” que já tive a oportunidade de conferir. Adaptado de uma obra do escritor norte-americano Cormac McCarthy (mesmo autor de Onde os Velhos não têm Vez, que serviu de base do filme premiado no Oscar de 2009, Onde os Fracos não têm Vez), A Estrada apresenta um retrato bastante plausível de um futuro próximo, onde a degradação toma conta do mundo e, consequentemente, da humanidade. Uma realidade em que não mais existe energia (de petróleo à eletricidade), onde a comida é escassa e onde o que mais importa é simplesmente sobreviver. Estrelado por Viggo Mortensen e Kodi Smit-McPhee, A Estrada, primeiro trabalho do diretor John Hillcoat, é desde já um clássico do gênero, que aposta alto e com muita coragem ao apresentar temas um tanto quanto indigestos através da relação entre pai e filho tentando apenas sobreviver numa realidade caótica. O filme apresenta uma temática semelhante ao também bom O Livro de Eli (também lançado em 2010), contudo com uma abordagem mais completa e eficiente. Um filme sóbrio que lançou pontos de discussão importantes para avaliarmos melhor o futuro que pode nos aguardar. Para mim, o retrato fuurístico mais palpável desde o também excelente Filhos da Esperança (Children of Men), de Alfonso Cuarón.

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6. Ameaça Terrorista (Unthinkable)


Lançado diretamente em DVD/Bluray por aqui, Ameaça Terrorista é um verdadeiro soco no estômago. Sem enrolação o filme apresenta logo de cara uma situação extrema: um suposto terrorista plantou algumas bombas nos Estados Unidos e planeja detoná-las caso algumas exigências não sejam cumpridas. Mote batido? Com certeza. Contudo, o foco do longa não é este mas sim a discussão de um assunto extremamente delicado: a tortura como solução de um conflito e a identificação de qual lado de um conflito seria certo ou errado. Com uma precisão irretocável o diretor Gregor Jordan e o roteirista Peter Woodward constroem um thriller que beira a perfeição, onde nunca é tomado partido, apresentando todos os personagens envolvidos nesta situação (tanto o suposto terrorista, quanto o FBI) como seres multifacetados e complexos, deixando o maniqueísmo corriqueiro das produções do gênero de lado para mostrar um lado muito mais humano da situação. Um filme poderoso, com um elenco afiado (à excessão de Brandon Routh, o Superman do filme de 2006) e tenso do começo ao fim. Não se deixe enganar pelo lançamento direto para as locadoras já que, grandes obras são acometidas por este mal, vide o exemplo mais notável, Guerra ao Terror (The Hurt Locker), que acabou sagrando-se o grande vencedor do prêmio de melhor filme no Oscar 2010.

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7. Kick-Ass – Quebrando Tudo (Kick-Ass)


O filme mais visceral do ano. Simples assim. Seguindo o caminho de obras como Watchmen (2009), Kick-Ass aposta na desconstrução dos paradigmas apresentados nas adaptações de histórias em quadrinhos para mostrar a inusitada história de um jovem fã deste tipo de história que decide ele mesmo “virar” um super herói. Contudo, o mundo no qual este jovem vive é o “mundo real”. Sendo assim, situações nada ortodoxas e seguras acontecerão. Mas, além da violência contínua e dos diálogos nada corretos (para os padrões conservadores de hoje e sempre), o que este filme baseado na obra dos quadrinistas Mark Millar e John Romita Jr. quer mostar é o como somos influenciados pela “arte” e como nós a influenciamos, apresentando assim diversos valores ético-morais de forma invertida, apostando assim na idéia de votalidade com que vivemos nossos corridos dias hoje. Mas no final o que vale mesmo é comprar a idéia deste mundo e se divertir com as seqüencias de ação mais insanas do ano, além das tiradas politicamente incorretas de personagens como Hit-Girl (a revelação Chloe Moretz), Big Daddy (o excepcional Nicolas Cage), Red Mist (o eterno McLovin Christopher Mitz-Plasse), além é claro, de Kick-Ass (Aaron Johnson, que interpretou John Lennon no filme O Garoto de Liverpool). Que Homem de Ferro 2 (muito bom) e Scott Pilgrim Contra o Mundo (legal) que nada, a adaptação cinematográfica de HQ’s do ano é Kick-Ass.

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8. O Segredo dos Seus Olhos (El Segredo de Sus Ojos)


Grande vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro ano passado, O Segredo dos Seus Olhos realmente é um filme exemplar. Com um equilíbrio formidável entre técnica apurada (o que é a seqüencia do estádio de futebol senão perfeita?) e roteiro bem construído (o filme consegue mesclar com competência o drama dos personagens ao clima de um thriller com traçoes de filme noir), este título argentino é uma das grandes supresas do ano, por que conseguiu emular de forma perfeita o cinema hollywoodiano sem perder suas próprias características, aspecto este semelhante ao que aconteceu a dois dos melhores títulos brasileiros dos últimos anos (Tropa de Elite e Cidade de Deus, além, é claro, da seqüencia do primeiro). Dirigido pelo cultuado diretor Juan José Campanella e estrelado pelo astro argentino Ricardo Darín, O Segredo dos Seus Olhos é cinemão com todas as letras.

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9. Enigmas de um Crime (The Oxford Murders)


Mais um filme lançado diretamente em DVD/Bluray no Brasil, Enigmas de um Crime foi lançado lá fora no ano de 2008, porém só este ano chegou por aqui. Estrelado por Elijah Wood (O Senhor dos Anéis) e John Hurt (V de Vingança), esta primeira incursão do diretor espanhol Alex de la Iglesia num título em língua inglesa é sublime. Um título de suspense como há tempos não conferia. Com uma estrutura de narrativa semelhante ao velho jogo de tabuleiro Detetive, Enigmas de um Crime nada mais é do que a reciclagem do tema “gato e rato” e “desvendando pistas” de filmes do gênero, onde a cada minuto de projeção novas teorias são reveladas, levando ao expectador levantar mais e mais possibilidades de resolução dos crimes do título, até o iminente final chegar e, com toda a certeza, deixar este espectador de queixo caído e pensando: como não percebi isto desde o começo? Na verdade uma grande brincadeira, este filme é na verdade uma grande homenagem ao cinema e sua eterna vontade de iludir o espectador. Por fim, para resumir a competência deste filme de forma rápida e direta, Enigmas de um Crime é tudo aquilo que a adaptação cinematográfica de O Código da Vinci tentou, mas não conseguiu. Aprendeu Ron Howard?

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10. Um Olhar do Paraíso (The Lovely Bones)


Para finalizar este Top 10 indico este filme que para grande parte da crítica foi uma decepção, contudo para este que vos escreve é digno de figurar entre os 10 melhores lançamentos do ano. Mesmo que dotato de nuançes fantasiosas, Um Olhar do Paraíso é um filme que mostra de forma singela temas densos como perda, esperança, obsessão, vingança, omissão etc., tudo sob um olhar de fábula, onde nunca fica claro se o objetivo dos realizadores era contextualizar tudo como um fato real e palpável ou como um devaneio, um sonho/pesadelo. É através deste “olhar” onírico que o diretor/roteirista Peter Jackson (o mesmo da trilogia O Senhor dos Anéis e do recente remake de King Kong), juntamente a suas parceiras de longa data Phillipa Boyens e Fran Walsh, apresenta a história de uma garota cheia de sonhos que, prestes a descobrir “o amor” pela primeira vez, é violentada e assassinada pelo seu vizinho. Daí, através de uma espécie de limbo, a menina passa a acompanhar a vida de sua família após sua partida e, como que através de uma “força divina”, ajudar eles a encontrarem paz após sua partida. Um filme belíssimo (tanto no quesito visual, quanto na história) que, apesar de ter sido esquecido na premiação do Oscar do ano passado, tem todo o potencial para tornar-se mais um cult num futuro próximo. Mais um excelente presente de Jackson e companhia.

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Foram tantos bons filmes vistos e lançados durante o ano de 2010 que fica dificílimo separar apenas dez títulos e, ainda mais, posicioná-los em uma ordem de preferência. Contudo, abraçe essa missão e só descansei quando a conclui. No entanto, apesar de não refletir o título do post (Top 10), gostaria de indicar mais dois títulos também lançados neste ano que passou como menções honrosas (ou seja, não consegui tira-las do meu Top 10 – que, neste caso, estava com doze títulos – e armei esta maneira de comentar sobre eles). Eis abaixo os títulos desta dupla e um breve comentário sobre ambos:

Zumbilândia (Zombieland)


Simplesmente um dos filmes mais divertidos e criativos de 2010. Esta produção “indepentente”, estrelada por Jesse Eisenberg (que viviu o criador do Facebook no filme A Rede Social) e Woody Harrelson (o mais eclético “ator feio” que me recordo, além de talentoso), simplesmente “renovou”, mais uma vez, o gênero dos filmes de zumbi. Ao lado de filmes como Madrugada dos Mortos (um filme “sério”) e Todo Mundo Quase Morto (um filme “não sério”), além da excelente primeira temporada da série The Walking Dead (que estreou ano passado), Zumbilândia trouxe frescor ao gênero, através de uma história criativa, dinâmica e dotada de muito bom humor.

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Um Caminho de Luz (Camino)


Este filme sagrou-se vencedo do Goya 2008 (prêmio espanhol equivalente ao Oscar) de melhor filme e não poderia ser mais merecedor. Não conferi os concorrentes, mas esta produção que começa com um jeitão de filme datado de superação agridoce (à exemplo de títulos como Uma Prova de Amor, com Cameron Diaz – que não é uma obra ruim, contudo não traz nada de novo) apresenta uma trama bastante complexa e pesada, que passa por discussões como extremismos religiosos (com ênfase no catolicismo ortodoxo) e a inevitabilidade e o tabu da morte. Um filme corajoso que, a exemplo de alguns dos títulos comentados acima, foi lançado diretamente nas locadoras no Brasil. Sendo assim, mais uma vez digo: isto não é demérito para o filme, confira-o mesmo assim e tire suas próprias conclusões sobre a qualidade do mesmo. Em resumo, um filme que prova lágrimas sinceras.

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:: Links ::

Top 10 2009 (no blog queRESENHA)

Adoro Cinema (Sinopses e Fichas Técnicas):

Tropa de Elite 2

Toy Story 3

A Origem

Ilha do Medo

A Estrada

Kick-Ass

O Segredo dos Seus Olhos

Um Olhar do Paraíso

IMDB (Fichas):

Tropa de Elite 2

Toy Story 3

A Origem

Ilha do Medo

A Estrada

Ameaça Terrorista

Kick-Ass

O Segredo dos Seus Olhos

Enigmas de um Crime

Um Olhar do Paraíso

comentários
  1. Júnior Leandro disse:

    Lista bacana. Há quem diga que 2010 foi um ano fraco pro cinema, mas vemos que não foi bem por aí.

    Abração, mano.

  2. juliano disse:

    eu que mais filmes do harry potter.

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