Arquivo da categoria ‘Duelo’

:: Impressões ::

Talvez o(s) filme(s) mais conturbado(s) de todos os tempos, o prelúdio do clássico Exorcista, de 1973, consegui render dois filmes quase que completamente distintos. Paul Schrader (roteirista dos clássicos Taxi Driver e Touro Indomável, diretor de Gigolô Americano) foi contratado para dirigir o filme que teria como pano de fundo abordar a juventude do personagem Merrin, padre exorcista do filme de 1973 e o mesmo o fez. Contudo, após o filme estar quase pronto, o produtor James G. Robinson decidiu contratar outro diretor para dar mais movimento ao então considerado “artístico” e lento demais longa de Schrader. O escolhido para a missão de refilmar (através de um roteiro distinto do filmado por Schrader) foi o filandês Renny Harlin (Duro de Matar 2, O Especialista), que entregou o filme que acabou sendo lançado nos cinemas como Exorcista: O Início. No entanto, esta versão foi um grande fracasso de crítica  e público, “obrigando” assim os produtores a trazerem de volta Schrader para que o mesmo pudesse finalizar sua versão do filme e lançá-la diretamente para o mercado de home-video  (na verdade o mesmo foi lançado em circuito restrito nos cinemas). O filme de Schrader foi lançado um ano após Exorcista: O Início, com o título de Dominion: Prequel to the Exorcist (Domínio: Pré-Sequencia de O Exorcista), mas mesmo contando com um cineasta com experiência no comando, não conseguiu mudar consideravelmente a má imagem causada pela versão de Harlin lançada nos cinemas. Em resumo, é fato que ambos os filmes são fracos e que não têm razão de existir. Literalmente foram feitos dois filmes distintos, com histórias diferentes, incluindo personagens que não aparecem em ambas as versões, não sendo apenas uma questão de dinâmica e ritmo, mas sim de descrença com relação ao trabalho de Paul Schrader como realizador e de confiança para com a visão de Renny Harlin. Resultado?

… O Início? Início do que?

A versão de Renny Harlin é um pastiche. Uma mistura de gêneros o formata, já que o mesmo até sua meia hora final é absolutamente gratuito no que tange a violência e ao despejo de sangue, além do abusivo uso de efeitos visuais (por sinal, hoje já bastante datados), lembrando as produções genéricas de horror do começo da década de 200, que abusavam do susto fácil e da sanguinolência para conquistar o público jovem, além da falta de escopo e sentido, em termos de conteúdo, do roteiro – que por sinal foi escrito a toque de caixa, visto que o mesmo não estaria pronto durante a filmagem da versão anterior. Enquanto isso, no ato final do filme, Harlin toma emprestado o clima gore do Exorcista de 1973 e, numa pobre tentativa, procura emular a menina possuída do filme de William Friedkin, tendo apenas o trabalho de substituí-la por uma médica loura. As soluções encontradas pelos envolvidos nesta versão “salvadora” são tão medíocres que simplesmente não vale a pena discutir tais deméritos. Exorcista: O Início é um filme ruim e apelativo, que não possui uma boa estrutura narrativa, apoiando-se basicamente no visual, que hoje aparece datado, tendo assim o filme, que já não era grande coisa, perdendo seu ponto principal.  Esquecível e pretencioso.

Quanto à versão “maldita” de Paul Schrader

Pois então, a ideia original que acabou sendo lançada como Dominion também não resultou num bom filme. Apesar das boas intenções e da estrutura dramática/narrativa mais amarrada e, por que não, bem elaborada, o longa não consegue convencer principalmente devido à falta de coesão de algumas das ideias apresentadas, principalmente por que alguns aspectos mostrados no filme simplesmente não fazem sentido. Se na versão lançada nos cinemas a história era o de menos – tanto que os 10 primeiros minutos contam, de forma simplificadíssima, o que Dominion leva cerca de uma hora para sugerir -, na versão de Schrader é o que sustenta o interesse do espectador, por que no que se refere a sustos e grafismos o mesmo fica devendo, principalmente por que o diretor optou pelo resgate ao objetivo maior do filme original, que era a aposta na sugestão, no foco na descoberta do desconhecido, entretanto faltou ao mesmo um maior cuidado e a criação de um clima mais interessante, visto que muitas vezes parece que o filme não vai levar o espectador a lugar algum. Outro ponto falho está no aspecto visual, talvez devido ao corte brusco durante a pós-produção do filme – período onde geralmente são inseridos os efeitos visuais etc. -, não são poucas as cenas em que, devido a precariedade dos efeitos (sejam estes digitais ou de maquiagem), as cenas acabam perdendo impacto e mudando completamente sua função, como quando por exemplo deveriam assustar, acabam provocando estado de riso ou simplesmente não inserem o espectador no universo apresentado.

Realmente é uma pena que, mesmo com duas versões quase que totalmente distintas, nenhuma consiga se sagrar como um bom filme em todos os aspectos e, muito menos a junção de ambos consegue alçá-lo a tal categoria. É certo que Dominion: Prequel to the Exorcist acaba sendo um filme melhor do que Exorcista: O Início, mas mesmo assim não ao ponto de corroborar a existência de tal projeto. Exorcista: O Início é um filme fraco e negativamente clichê, enquanto Dominion é um filme bem intencionado, mas que mesmo assim não precisaria existir.

*

A título de curiosidade, quase todo o elenco dos dois filmes continuou o mesmo, sendo apenas substituídos os personagens que não aparecem em ambas as tramas e alguns que se repetem, mas que devido a problemas de calendário (na certa por estarem comprometidos com outras produções), não puderam retornar as filmagens. De certa forma, fizeram bem.

:: Informações ::

[Exorcista: O Início, Exorcist The Beginning (2004). Direção: Renny Harlin. Roteiro: William Wisher Jr., Caleb Carr e Alexi Hawley, baseado nos personagens criados por William Peter Blatty. Produção: James G. Robinson. Música: Trevor Rabin. Gênero: Terror.]

Elenco: Stellan Skarsgård, Izabella Scorupco, James D’Arcy, Nick Komornicki, Andrew French, David Bradley e Ben Cross.

:: Sinopse ::

Cairo, Egito, 1949. O arqueólogo Lankester Merrin (Stellan Skarsgard), um ex-padre (pois perdeu a fé quando ainda era sacerdote durante a 2ª Guerra Mundial e teve de escolher 10 pessoas para serem executadas, senão todos seriam mortos, e estas lembranças o atormentam sempre), recebe de Semelier (Ben Cross), um colecionador de antigüidades, a missão de ir a uma escavação promovida pelo governo inglês na região de Turkana, Quênia, e recuperar um objeto que estaria sot junto a uma igreja cristã bizantina do século V. O local estava sendo escavado pelo questionamento do que uma igreja faria num lugar onde ainda não chegara o cristianismo. Chegando ao local Merrin é recebido por Francis (James D’Arcy), um padre, e Chuma (Andrew French), um nativo, e é apresentado a outros que também participam da escavação, como Jeffries (Alan Ford), que possui o rosto desfigurado mas almeja sem êxito amor de Sarah Novak (Izabella Scorupco), uma médica que cuida dos nativos. Merrin constata que a igreja está inexplicavelmente intacta, como se tivesse sido soterrada no dia em que foi concluída. Pela cúpula Merrin e Francis entram na igreja, se deparando com esculturas de soldados com as armas voltadas para baixo e um crucifixo com o Cristo também com a cabeça para baixo, o que é uma profanação. Durante a escavação fatos mórbidos surpreendentemente acontecem, como a dilaceração por hienas de James (James Bellamy), o filho de um nativo. Entretanto Joseph (Remy Sweeney), o irmão mais novo, saiu ileso, pois as hienas agiraram como se ele nem estivesse ali. Merrin fica sabendo que os nativos crêem que aquele lugar é amaldiçoado e pergunta a Sarah informações maiores sobre o que estava acontecendo. Ela diz que o chefe da escavação, Bession (Patrick O’Kane), enlouquecera e estava num sanatório em Nairobi. Merrin acha na tenda abandonada por Bession vários desenhos do que ele vira durante a escavação na igreja. Em Nairobi Merrin encontra Bession no hospício, porém este se mata na sua frente e diz “Deus não está mais aqui, padre”, a mesma frase que ele já ouvira de um oficial nazista quando foi obrigado a fazer uma terrível escolha. Conversando com o padre Gionetti (David Bradley), o diretor do sanatório, Merrin descobre que onde a igreja fora erguida havia um templo de sacrifícios humanos e que houvera, há 1500 anos atrás, um massacre liderado por um padre, em que uma série de possessões aconteceram e diversos exorcistas tentaram suprimir o mal, mas este ainda permanecia no local. Gionetti pede a Merrin para fazer um exorcismo, mas ele nega dizendo não ser mais padre. Mesmo assim ele lhe dá um livro de exorcismo, sendo que Merrin não imaginaria como este presente lhe seria útil.

:: Trailer ::

Sem Legendas.

[Dominion: Prequel to the Exorcist (2005). Direção: Paul Schrader. Roteiro: William Wisher Jr. e Caleb Carr, baseado nos personagens criados por William Peter Blatty. Produção: James G. Robinson. Música: Angelo Badalamenti, Dog Fashion Disco e Trevor Rabin. Gênero: Terror.]

Elenco: Stellan Skarsgård, Gabriel Mann, Clara Bellar, Billy Crawford, Ralph Brown e Andrew French.

:: Sinopse ::

Merrin (Stellan Skarsgård), afastado da religião, está encarregado de escavar uma igreja cristã do século V. O jovem padre Francis (Gabriel Mann) supervisiona o trabalho, a pedido do Vaticano. O motivo é que a construção antiga, em tese, não poderia existir, já que os cristãos ainda não haviam chegado àquele ponto remoto da África, no período de origem da construção. Quando entra no local, Merrin descobre coisas ainda mais estranhas. A perfeita conservação do lugar dá a impressão de que a igreja teria sido enterrada logo após a construção, algo que lhe parece incompreensível. Além disso, as pinturas nas paredes descrevem cenas de uma violência indescritível, e as estátuas parecem adorar algo que está sob o chão, quando ídolos cristãos normais devem ficar voltados para o céu.

:: Trailer ::

Sem Legendas.

:: Links ::

– Sinopses e Fichas TécnicasExorcista: O Início (Adoro Cinema) / Dominion: Prequel to the Exorcist (Filmow)

Histórico nas Bilheterias (Box Office Mojo):

* Exorcista: O Início (2004)

* Dominion: Prequel to the Exorcist(2005)]

Fichas do IMDb:

* Paul Schrader (diretor)

* Renny Harlin (diretor)

James G. Robinson (produtor)

Stellan Skarsgård

* Izabella Scorupco

* James D’Arcy

* Ralph Brown

* Ben Cross

Gabriel Mann

 

 

 

 

:: Impressões ::

Apesar de possuírem o mesmo título, ambos os filmes Guerra dos Mundos (versão de 1953 e de 2005) são produtos quase que completamente diferentes. Sim, a essência permanece a mesma, inclusive a ameaça que se faz presente nos longas (a invasão agressiva de alienígenas ao planeta Terra) é relativamente à mesma. Contudo, é no que se refere ao enfoque e ao desenvolvimento dos personagens que passeiam pela história que está o grande diferencial entre estas duas boas adaptações do clássico da literatura sci-fi escrito por H.G. Wells.

Ambos os filmes contextualizam o livro para os dias atuais da produção (década de 1950 e anos 2000, respectivamente), visto que na obra literária a ambientação é o período vitoriano, na Inglaterra. Mas, em síntese, esta é a única grande semelhança entre os dois.

O Guerra dos Mundos “original” foi um divisor de águas para o gênero no cinema, visto que conseguiu carregar consigo de maneira equilibrada a essência dos filmes sci-fi da época (com aquele quê de filme B), com requisitos de super-produção, incluindo aí os visionários – para a época – efeitos especiais. É certo que podemos perceber as “cordinhas” que sustentam os discos voadores, entretanto a aura deste filme é tão forte que nos faz ignoramos tão “falha”, ao mesmo tempo em que nos transporta para aquele sentimento de caos, medo e paranóia. É válido citar que este filme possui as características das produções da época, com interpretações excessivamente dramatizas e, por que não, afetadas (beirando o teatral), contudo é justamente este aspecto que contribui para que o charme da produção permaneça até hoje, e que não seja lembrada apenas pelos seus efeitos especiais pioneiros.

São diversas as seqüência de destaque deste Guerra dos Mundos. Contudo, para ser sucinto, comentaria a cena em que o cientista interpretado pelo até então desconhecido Gene Barry caminha perdido pelas ruas de Nova York totalmente abandonada, vazia e suja. Realmente primorosa e que nos remete a grandes produções de hoje, como Eu Sou a Lenda, por exemplo, comprovando assim que o cinema atual quase não mais traz nada de novo, apenas tenta reciclar (algumas vezes com muita competência) cenas ou estruturas narrativas e visuais que deram certo no passado.

Bastante objetivo (o filme não chega a 1 hora e meia de projeção), Guerra dos Mundos de 53 é um filme tenso e divertido, feito com muito cuidado e que deu início ao boom de produções de ficção-científica que não prestigiavam apenas o aspecto lúdico, mas sim lançou a onda de agregar ao entretenimento e  a fantasia a possibilidade de discutir questões mais complexas, como sociedade, política, economia, etc., sem deixar de abordar também outros temas mais subjetiva e que formam o ser – humano, a exemplo de sentimentos como medo, paranóia, esperança, determinação, ambição, dentre outros.

Quase 50 anos depois da primeira versão cinematográfica de Guerra dos Mundos, eis que chega, no ano de 2005, a “refilmagem” do talvez maior cineasta da história do cinema: Steven Spielberg. Estrelado por Tom Cruise, esta versão investe na visão do homem comum presenciando este grande evento (o personagem de Cruise é um operário padrão, de classe média, divorciado, com dois filhos e, conseqüentemente, com muitos problemas – familiares, morais etc.). Sendo assim, o filme passa a abordar um ponto de vista bem mais pessoal, por vezes até reducionista, já que as conseqüências externas do ataque alienígena, quando não testemunhados por Cruise e os demais personagens que cruzam seu caminho, são vistas através das telas de TVs, por exemplo. Contudo, esta é uma solução muito bem empregada e Spielberg consegue equilibrar a contento entre os problemas pessoais da família disfuncional e o dilema regado a medo causado pela invasão.

Tecnicamente o filme (ainda) é fantástico. Apesar de alguns exageros, proporcionados pelo estilo de Spielberg, os efeitos visuais digitais convencem do começo ao fim, tanto quando os tripods (espécie de máquina utilizada pelos alienígenas durante a invasão) quanto os próprios seres extra planares. O filme também consegue equilibrar bem cenas de drama, ação e suspense, apesar de alguns diálogos esquisitos e da exagerada performance da irritadiça (e irritante) Dakota Fanning, que vive a filha de Tom Cruise.

A solução final deste filme é quase que igual ao da primeira versão, tendo apenas uma diferenciação de ordem argumentativa. Enquanto o filme de 195. Abraça literalmente o divino como responsável-mor pela salvação da Terra, na versão de Spielberg este “detalhe” é omitido em favor da casualidade e, por que não, da incredulidade de um “ser” tão pequeno ter causado tanto estrago a seres tão poderosos e, ironicamente, ter sido quase que extinto por pela ciência humana, ser este o salvador da humanidade (não irei comentar que “ser” é esse, pois uma grande surpresa dos filmes seria estragada).

Pois bem, independentemente do Guerra dos Mundos escolhido, o expectador com certeza ficará satisfeito ao conferi-lo. Cada uma das versões possui características e abordagens próprias, que os sustentam sem depender exclusivamente dos efeitos visuais. Contudo, apesar do requinte técnico, dos nomes badaladas e da assinatura inconfundível se Steven Spielberg, ainda fico com a aura clássica, a “inocência” e a vitalidade e energia do Guerra dos Mundos original. Mas sugiro a você que confira ambas as versões e entre de cabeça neste entretenimento que, apesar de ser fantástico por natureza, ainda assim traz consigo alguns pontos de questionamento interessantes e bem construídos.

:: Informações ::

[Guerra dos Mundos, War of the Worlds (1953). Direção: Byron Haskin. Roteiro: Barré Lyndon, baseado em livro de H.G. Wells. Produção: George Pal. Música: Leith Stevens. Gênero: Ficção-Científica.]

Elenco: Gene Barry, Ann Robinson, Les Tremayne e Robert Cornthwaite

:: Sinopse ::

Um locutor de rádio explica como as armas de guerra ficaram mais poderosas, destrutivas e mortais durante o século XX. O locutor fala sobre como os habitantes de Marte tiveram que abandonar o mundo deles, que está morrendo, e procurar um lugar novo para viver. Em uma pequena cidade da Califórnia, Linda Rosa, os habitantes ficam excitados quando um flamejante meteoro aterriza nas colinas, fazendo Clayton Forrester (Gene Barry), um cientista, chegar ao lugar acompanhado de dois outros cientistas para investigar o acontecido. Uma pequena multidão se formou no local, que inclui Sylvia Van Buren (Ann Robinson). Constatando que o meteoro ainda está muito quente para uma aproximação, Clayton decide ficar na cidade e esperar. Três homens são mantidos de guarda no local. Logo um som estranho é ouvido, como se desparafusassem a parte de cima do meteoro. Com o topo fora emerge uma sonda longa, que se assemelha à cabeça de uma cobra. Os guardas decidem mostrar que são pacíficos e caminham para a máquina com uma bandeira branca. Com um som intenso os homens são desintegrados imediatamente, ficando claro que uma guerra está começando.

:: Trailer ::

[Guerra dos Mundos, War of the Worlds (2005). Direção: Steven Spielberg. Roteiro:David Koepp, baseado em livro de H.G. Wells. Produção: Kathleen Kennedy e Colin Wilson. Música: John Williams. Gênero: Ficção-Científica.]

Elenco: Tom Cruise, Dakota Fanning, Justin Chatwin e Tim Robbins.

:: Sinopse ::

Ray Ferrier (Tom Cruise) é um homem divorciado que trabalha nas docas. Ele não se sente à vontade no papel de pai, mas precisa cuidar de seus filhos, Robbie (Justin Chatwin) e Rachel (Dakota Fanning), quando eles lhe fazem uma de suas raras visitas. Pouco após eles chegarem Ray presencia um evento que mudará para sempre sua vida: o surgimento de uma gigantesca máquina de guerra, que emerge do chão e incinera tudo o que encontra. Trata-se do primeiro golpe de um devastador ataque alienígena à Terra, que faz com que Ray pegue seus filhos e tente protegê-los, levando-os o mais longe possível das armas extra-terrestres.

:: Trailer ::

:: Links ::

Sinopses e Fichas Técnicas: Guerra dos Mundos (1953 / 2005)

George PalIMDB

Byron HaskinIMDB

Gene BarryIMDB

Ann RobinsonIMDB

Steven SpielbergIMDB

Tom CruiseIMDB

Dakota FanningIMDB

Tim RobbinsIMDB

Bilheteria:

– The-Numbers: Guerra dos Mundos [2005]

:: Impressões ::

Passaram-se quase 26 anos desde que estreou nos cinemas o clássico Karate Kid. E é fato que, nesse tempo que separa esta produção do remake que na última semana estreou em terras brasileiras, poucos foram as produções hollywoodianas que conseguiram marcar o espectador através de uma história simples, edificadora, divertida, porém sem esbarrar na overdose de  clichês. Na verdade, Karate Kid (tanto o original, quanto a refilmagem) encontram-se no limite aceitável entre o clichê incômodo e o sentimento edificante.

Apesar de ter sido lançado no ano de 1984, apenas acompanhei o filme no começo dos anos 1990 (visto que nasci em 1987), na saudosa Sessão da Tarde da Rede Globo. Na época me divertia e me emocionava bastante com a saga vivida por Daniel-San (vivido pelo frágil Ralph Macchio), que enfrenta a clássica jornada de superação tão comum na transição entre a infância e a adolescência. Revendo o filme hoje percebo que, apesar de já não ter mais aquela idade e notar que o filme envelheceu em alguns aspectos, o conjunto final de Karate Kid continua válido, palpável, eficiente e “acreditável”.

Toda a simplicidade do roteiro continua emocionando, o carisma do saudoso Pat Morita que nos entrega, como Daniel-San comenta durante o longa, é o melhor amigo que alguém poderia ter, ainda contagia mostrando um Senhor Miyagi no limite entre o real e o fantástico, além da trilha sonora com a cara dos anos 1980 (o que não faltam são sons de teclados e sintetizadores), além, é claro, da beleza clássica de Elisabeth Shue (que apareceria em outro grande sucesso dos anos 1980, a seqüencia de De Volta para o Futuro) e do iminente perigo dos antagonistas da academia Cobra.

A refilmagem lançada este ano mantém muitas das características presentes no filme clássico, atualizando apenas o universo da ensolarada Califórnia (onde o longa de 1984 se passa) para a bifurcada e milenar China e substituindo a etnia do protagonista, que era ítalo-americana no original e agora é afro-americana. No lugar de Morita/Sr. Myiagi, temos Jackie Chan (Reino Proibido) como o mestre de Dre (Jaden Smith, de Em Busca da Felicidade), que substitui o personagem Daniel-San na trama.

Enquanto o Karate Kid original conquista pelo sentimento de nostalgia, através de uma certa inocência na forma com que a trama é mostrada (característica das aventuras dos saudosos anos 1980) e apresentada de forma clássica por Robert Mark Kamen (roteirista tanto do filme original, quanto do remake e atual colaborador do cineasta francês Luc Besson) e pelo diretor John G. Avildsen (vencedor do Oscar por Rocky – Um Lutador, com Sylvester Stalonne). Já o filme de 2010 é, digamos assim, mais real na estrutura narrativa que o de 1984, com seqüências de combate mais elaboradas (e por que não inverossímeis, visto que o tempo hábil para o aprendizado das técnicas de luta por Dre não fora grande) e uma maior crueza nas perseguições à lá bullying dos antagonistas de Jaden Smith. De resto, ambos os filmes carregam a mesma energia e objetivo.

Confesso que estava receoso quando esta produção fora anunciada (por que não Kung Fu Kid, já que o garoto aprende kung Fu e não Karate nesta versão?), mas compreendi que a marca original é muito forte e, com o título mal colocado ou não, a essência da obra permanece. Após assistir ao primeiro trailer promocional do filme minha expectativa foi mudando de forma positiva e, após conferir o filme, um sorriso se formou no meu rosto. 23 anos se passaram desde o lançamento do Karate Kid original (por sinal, minha idade no momento) e, espero que como aconteceu com o longa de 1984, venha uma seqüência e que esta honre continuação do original tanto quanto a continuação do original o fez. Indicado tanto para quem viveu o Karate Kid original quanto para quem “pertence” a outra geração, já que, com ou sem golpe da garça, os filmes cumprem seus papéis como teses de superação e positivismo.

:: Informações ::

[Karate Kid, 1984, 126 min. Direção: John G. Avildsen. Roteiro: Robert Mark Kamen. Produção: Jerry Weintraub. Música: Bill Conti. Gênero: Aventura.]

Elenco: Ralph Macchio, Pat Morita, Elisabeth Shue, Randee Heller, William Zabka e Martin Klove.

:: Sinopse ::

Daniel Larusso (Ralph Macchio) e sua mãe (Randee Heller) recentemente se mudaram de Nova Jersey para o sul da Califórnia. Porém, Daniel não consegue se ambientar em sua nova morada, até que conhece Ali Mills (Elisabeth Shue), uma garota atraente que gosta dele. Porém, a situação de Daniel se complica quando o ex-namorado de Ali, Johnny Lawrence (William Zabka), e sua gangue começam a atormentá-lo. Um dia, quando é cercado pela gangue de Johnny, ele é salvo por um Miyagi, um veterano japonês (Pat Morita) mestre na arte do karatê. Disposto a ajudar Daniel, Miyagi resolve passar-lhe os ensinamentos do karatê, para que ele possa se defender da gangue de Johnny.

:: Trailer ::


[Karate Kid, 2010, 140 min. Direção: Harald Zwart. Roteiro: Christopher Murphey. Produção: James Lassiter, Jada Pinkett Smith, Will Smith, Ken Stovitz e Jerry Weintraub. Música: James Horner. Gênero: Aventura.]

Elenco: Jaden Smith, Jackie Chan, Taraji P. Henson, Han Wenwen, Zhenwei Wang e Yu Rongguang.

:: Sinopse ::

Dre Parker (Jaden Smith) se mudou com a mãe (Taraji P. Henson) para Pequim, devido ao trabalho dela. Logo ao chegar ele se interessa por Meiying (Han Wenwen), uma garota que conhece praticando violino na praça. A aproximação deles provoca a irritação de Cheng (Zhenwei Wang), que lhe dá uma surra usando a técnica do kung fu. A partir de então a vida de Dre se torna um inferno, já que passa a ser perseguido na escola por Cheng e seus colegas. Um dia, ao escapar deles, Dre é auxiliado pelo sr. Han (Jackie Chan), o zelador de seu prédio, que é também um mestre de kung fu.

:: Trailer ::

:: Links ::

Sinopse e Ficha Técnica: Adoro Cinema (Karate Kid 1984 / Karate Kid 2010)

John G. Avildsen: IMDB/ Wikipedia

Harold Zwart: IMDB / Wikipedia

Robert Mark Kamen: IMDB / Wikipedia

Bilheterias:

The-Numbers: Karate Kid [1984]

The-Numbers: Karate Kid [2010]

Duelo: Volcano x Inferno de Dante

Publicado: setembro 20, 2010 em Cinema, Duelo

Por coincidência ou não, o ano de 1997 recebeu dois filmes com temas bastante similares. São estes Volcano – A Fúria (não sei por que os responsáveis pela tradução e adaptação dos filmes – e dos títulos dos mesmos – no Brasil insistem em colocar esses complementos redundantes), produção da Twentieth Century Fox lançada em abril e Inferno de Dante (Dante’s Peak), da Universal Pictures, com lançamento em fevereiro. Ambos tratam de catástrofes naturais em centros urbanos, provocadas por erupções vulcânicas.  Contudo, apesar das premissas um tanto quanto esquisitas (para não se dizer fantasiosas demais), os dois longas são divertidos e apresentam bons momentos de entretenimento ao espectador.

Poster americano

O primeiro, estrelado pelo carrancudo Tommy Lee Jones (vencedor do Oscar pelo filme O Fugitivo, de Andrew Davis), concentra-se mais no perímetro urbano de uma grande metrópole (Los Angeles) mas, como na maioria dos filmes do gênero, foca mais nos problemas familiares do núcleo protagonista do que na população e sua relação com os trágicos eventos naturais. Quanto ao que realmente importa em produções do gênero, os efeitos digitais até que se mantêm verossímeis, mesmo após esses mais de 10 anos de distância entre o lançamento do longa nos cinemas e sua visualização hoje. Por fim, o grande mérito de Volcano – A Fúria é não perder tanto tempo com um clima de suspense fajuto, já que com menos de meia hora de projeção já conferimos a “lava assassina” atacando a população. Uma diversão despretenciosa.

Poster americano

O Inferno de Dante tem um estilo menos frenético, procurando apresentar com calma os personagens principais da trama e como eles se relacionarão no decorrer do filme. Estrelado por Pierce Brosnan (o agente 007 dos filmes Goldeneye e O Amanhã Nunca Morre, dentre outros) e Linda Hamilton (a eterna Sarah Connor de O Exterminador do Futuro), o longa investe bastante na tentativa de situar o espectador acerca o universo dos geólogos, apresentando diversos termos técnicos, além de equipamentos de leitura de calor etc. Com isso, O Inferno de Dante demora um pouco para partir ao que realmente interesse neste tipo de filme, a catástrofe em si. Entretanto, quando esta surge, a tensão na para mais. O diretor Roger Donaldson (de filmes como Cocktail, com Tom Cruise e 13 Dias que Abalaram o Mundo, com Kevin Costner) comanda bem este filme evento, apresentando boas tomadas aéreas e tentando investir ao máximo na construção dos personagens, contudo o roteiro não ajuda muito nesse sentido, já que tenta nos convencer de que mais importante do que o “evento natural” é o relacionamento relampago dos personagens de Brosnan e Hamilton.  No entanto, apesar de não ser perfeito (muito menos ele busca isso), o filme diverte e entrega quase tudo aquilo que se espera deste tipo de produto.

E qual seria o resultado deste duelo de filmes clichês? Bem, temos aqui praticamente um empate técnico, visto que, mesmo com toda a boa intenção das produções, ambos os filmes são bastante frágeis em suas narrativas e só conseguem prender a atenção do espectador devido ao carisma de seus intérpretes principais. Contudo, para não ficar em cima do muro, talvez Volcano – A Fúria (que subtítulo incrível) sejaum pouquinho mais interessante, já que dá mais destaque (não quer dizer profundidade) as ações e ao trabalho das tropas de resgate (bombeiros, mebros da segurança nacional etc.) durante a tragédia. Contudo, os dois filmes são interessantes para se estudar um pouco sobre a estética dos filmes de tragédia concebidos por Hollywood.

:: Trailers ::

VOLCANO

Áudio em Inglês, sem legendas.

INFERNO DE DANTE

Áudio em Inglês, sem legendas.

:: Links ::

Volcano:

Adoro Cinema (Sinopse, Ficha Técnica e Fotos)

The-Numbers (Bilheterias, Orçamento etc.)

Inferno de Dante:

Adoro Cinema (Sinopse, Ficha Técnica e Fotos)

The-Numbers (Bilhererias, Orçamento etc.)