Franquia: As Crônicas de Nárnia

Publicado: dezembro 16, 2010 em Cinema, Franquia, Literatura

2005 – As Crônicas de Nárnia – O Leão, a Feitiçeira e o Guarda-Roupa


:: Sinopse ::

Lúcia (Georgie Henley), Susana (Anna Popplewell), Edmundo (Skandar Keynes) e Pedro (William Moseley) são quatro irmãos que vivem na Inglaterra, em plena 2ª Guerra Mundial. Eles vivem na propriedade rural de um professor misterioso, onde costumam brincar de esconde-esconde. Em uma de suas brincadeiras eles descobrem um guarda-roupa mágico, que leva quem o atravessa ao mundo mágico de Nárnia. Este novo mundo é habitado por seres estranhos, como centauros e gigantes, que já foi pacífico mas hoje vive sob a maldição da Feiticeira Branca, Jadis (Tilda Swinton), que fez com que o local sempre estivesse em um pesado inverno. Sob a orientação do leão Aslam (voz de Liam Neeson), que governa Nárnia, as crianças decidem ajudar na luta para libertar este mundo do domínio de Jadis.

:: Impressões ::

A primeira parte da até agora trilogia começa muito bem, com uma bela seqüência onde vemos diversos aviões alemães sobrevoando a Inglaterra, no auge do conflito bélico da II Guerra Mundial. Logo seremos apresentados as quatro crianças que, após serem obrigadas a se afastarem dos pais, encontram uma passagem para um mundo mágico, porém também em conflito, num velho guarda-roupas. O Leão, a Feitiçeira e o Guarda-Roupa foi a primeira grande tentativa de um estúdio de cinema em criar uma nova franquia tão poderosa quanto o foi a saga O Senhor dos Anéis (tanto em qualidade e aceitação, quanto em arrecadação), contudo apesar do bom retrospecto nas bilheterias (de acordo com o site The-Numbers, o filme faturou cerca de U$ 748,806,957 no mundo), o tiro saiu pela culatra. O Leão, a Feitiçeira e o Guarda-Roupa é um filme bastante irregular, tanto no aspecto dramático, quanto no aspecto técnico. Falta ritmo a história e um maior convencimento por parte dos protagonistas, que não emanam confiança (à exceção de Skandar Keynes, que transpõe um garoto “traira” como o roteiro pede), prejudicando assim a magia do filme. As criaturas mostradas são, em sua maioria, bem acabadas, ficando o ponto negativo, no que tange aos efeitos visuais do longa, o mal uso do chamado chroma-key (fundo verde onde serão aplicados depois os efeitos visuais), já que são várias as cenas em que percebe-se claramente que o cenário (fundo) é falso. Provavelmente, grande parte dessa irregularidade do filme advém do diretor Andrew Adamson (diretor dos dois primeiros Shrek), que caiu de pára-quedas do mundo das animações para um complicado (principalmente à nível técnico) filme em live-action (pelo menos uma parte), que opta por mostrar Nárnia através de tomadas fechadas (são raros os planos abertos do filme, opção esta que prejudica bastante a aceitação desse mundo, já que locais fantásticos são mais lembrados quando realmente viajamos por ele, ou seja, temos uma macro visão de seu espaço geográfico), mostrando assim insegurança quanto ao material que tem em mãos (talvez pelo mesmo ter sido feito quase que completamente em estúdio). Porém, é interessante também destacar apesar de Adamson ser um profissional do mundo gráfico, é justamente na concepção visual do filme que reside um dos pontos fracos, já que à excessão do leão Aslam são diversos os efeitos que hoje, 5 anos após a estreia do filme, não convencem mais.

Em resumo, o grande problema do filme está na indecisão do enfoque da trama. Às vezes excessivamente infantil, às vezes buscando um equilíbrio entre infantilidade e seriedade (leia-se adulto), O Leão, a Feitiçeira e o Guarda-Roupa é, na verdade, um filme excessivamente anti-séptico, onde batalhas devem acontecer, onde lutas devem ser travadas, onde conflitos devem ser resolvidos, contudo onde não existe sangue, dor, sujeira etc. Portanto, fica aquela sensação de incompletude, uma aura onírica em demasia (aspecto este interessante, mas que não deveria estar tão “na cara”, mas sim ser apenas sugerido), resultando assim num filme um tanto quanto desinteressante, onde a boa fotografia e trilha-sonora não conseguem sustentar tamanha indecisão. O filme passaria na média numa avaliação, mas com uma extensa observação para uma possível seqüência (que de fato ocorreu, como você pode ver no texto a seguir). Se uma palavra pudesse definir este capítulo esta seria anti-séptico, o que não é um grande elogio para um filme que vende aventura, batalhas, confrontos, magia etc.

Elenco: Georgie Henley, William Moseley, Skandar Keynes, Anna Popplewell, Tilda Swinton, James McCavoy, Jim Broadbent e Liam Neeson.

:: Ficha Técnica ::

Título original: The Chronicles of Narnia: The Lion, the Witch and the Wardrobe

Gênero: Aventura

Duração: 140 min.

Ano de lançamento: 2005

Site oficial: http://www.disney.com.br/cinema/narnia/

Distribuidora: Walt Disney Pictures / Buena Vista International

Direção: Andrew Adamson

Roteiro: Ann Peacock, Andrew Adamson, Christopher Markus e Stephen McFeely, baseado em livro de C.S. Lewis

Produção: Mark Johnson

Música: Harry Gregson-Williams

Fotografia: Donald McAlpine

Direção de arte: Jules Cook, Ian Gracie, Karen Murphy e Jeffrey Thorp

Figurino: Jules Cook, Ian Gracie, Karen Murphy e Jeffrey Thorp

Edição: Sim Evan-Jones e Jim May

Efeitos especiais:Industrial Light & Magic / Rhythm & Hues / Weta Workshop Ltd. / Sony Pictures Imageworks / K.N.B. EFX Group Inc.

:: Trailer ::


2008 – As Crônicas de Nárnia – Príncipe Caspian


:: Sinopse ::

Um ano depois os irmãos Lucy (Georgie Henley), Edmund (Skandar Keynes), Susan (Anna Popplewell) e Peter (William Moseley) retornam ao mundo de Nárnia, onde já se passaram 1300 anos desde sua última visita. Durante sua ausência Nárnia foi conquistada pelo rei Miraz (Sergio Castellitto), que governa o local sem misericórdia. Os irmãos Pevensie então conhecem Caspian (Ben Barnes), o príncipe de direito de Nárnia, que precisa se refugiar por ser procurado por Miraz, seu tio. Decididos a destronar Miraz, o grupo reúne os narnianos restantes para combatê-lo.

:: Impressões ::

Com uma sequencia inicial tensa e bem “dark”, Príncipe Caspian apresenta uma certa evolução, no que se refere a narrativa e desenvolvimento cinematográfico, em comparação ao capítulo anterior de 2005. Um tanto mais adulto, a história do longa envolve tramas de conspiração, traições entre família e disputas políticas, além de enfocar mais na análise do ser humano, que, ao contrário do que fora mostrado em O Leão, a Feitiçeira e o Guarda-Roupa, é apresentado aqui como um ser falho, sempre questionando os próprios atos. Portanto, este é um filme com mais camadas, em resumo, numa tonalidade cinza.

No entanto, apesar da ligeira evolução em comparação ao “esterelizado” filme anterior, Príncipe Caspian não agradou tanto ao público em geral e, ao contrário do título de 2005, faturou cerca de metade do que arrecadou o filme anterior. Um ponto que talvez tenha contribuído foi a data de lançamento deste, em junho, bem no auge da temporada de grandes produções hollywoodianas (que engloba os meses de maio, junho e julho), enfrentando títulos como Homem de Ferro, Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, Speed Racer e Sex and the City, por exemplo. A título de curiosidade O Leão, a Feitiçeira e o Guarda-Roupa foi lançado durante o mês de dezembro (à lá O Senhor dos Anéis), período este que raramente tem concorrência pesada no que tange a blockbusters.

Além da maior maturidade apresentada neste episódio, outros aspectos contribuíram para este ser um produto mais completo: efeitos especiais melhorados, seqüencias de ação bem mais elaboradas, inclusive com sugestivas cenas de “violência” (embora sem ter grande quantidade de sangue durante as cenas de batalhas, os golpes dados pelos personagens estão mais verossímeis e, após “os anos” que os irmãos passaram em Nárnia, é compreensível que estes maturaram suas habilidades como lutadores. Por fim, Príncipe Caspian é um filme mais bem resolvido que o primeiro título e, portanto, mais interessante e divertido, no entanto, tanto quanto este, não conseguiu convencer como um todo e fazer com que o expectador saia da sala de cinema com uma vontade sincera de assistir uma possível seqüência. Na época de lançamento do longa elaborei uma resenha que pode ser conferida aqui.

Obs.: o ator Ben Barnes, que interpreta o personagem título, lembra bastante (fisicamente) Keanu Reeves (astro de Matrix) e Kyle McLachlan (Duna). Como se fosse um ser híbrido dos dois.

Elenco: Georgie Henley, Skandar Keynes, William Moseley, Anna Popplewell, Ben Barnes, Sergio Castellitto, Tilda Swinton e Liam Neeson.

:: Ficha Técnica ::

Título original: The Chronicles of Narnia: Prince Caspian

Gênero: Aventura

Duração: 147 min.

Ano de lançamento: 2008

Site oficial: http://www.disney.com.br/cinema/narnia2/

Distribuidora: Walt Disney Studios Motion Pictures / Buena Vista International

Direção: Andrew Adamson

Roteiro: Christopher Markus, Andrew Adamson e Stephen McFeely, baseado em livros de C.S. Lewis

Produção: Andrew Adamson, Mark Johnson e Philip Steuer

Música: Harry Gregson-Williams

Fotografia: Karl Walter Lindenlaub

Direção de arte: David Allday, Matthew Gray, Klara Holubova, Jules Cook, Stuart Kearns, Jill Cormack, Elaine Kusmishko, Charles Leatherland, Phil Simms, Jirí Sternwald, Frank Walsh e Jason Knox-Johnston

Figurino: David Allday, Matthew Gray, Klara Holubova, Jules Cook, Stuart Kearns, Jill Cormack, Elaine Kusmishko, Charles Leatherland, Phil Simms, Jirí Sternwald, Frank Walsh e Jason Knox-Johnston

Edição: Sim Evan-Jones

Efeitos especiais: Weta Digital / Baseblack / Escape Studios / Moving Picture Company / Framestore CFC / Giant Studios / Rising Sun Pictures / ScanlineVFX

:: Trailer ::



2010 – As Crônicas de Nárnia – A Viagem do Peregrino da Alvorada

:: Sinopse ::

Lucy (Georgie Henley), Edmund (Skandar Keynes) e Eustáquio (Will Poulter) retornam para Nárnia onde se encontram com príncipe Caspian (Ben Barnes), agora rei, e outros amigos de aventuras passadas. Para encontrar os Sete Lordes Desaparecidos de Telmar, ele começam uma nova aventura a bordo do navio O Peregrino da Alvorada, onde irão encarar guerreiros, dragões, anões e tritões. Mais uma vez, os jovens colocarão sua coragem e convicções à prova, antes que consigam chegar no limite do mundo.

:: Impressões ::

Eis que, após o “fiasco” financeiro do segundo capítulo da adaptação cinematográfica da série de livros As Crônicas de Nárnia, a Disney, co-produtora desta adaptação, decide desistir de produzir os capítulos posteriores da franquia. Sendo assim, após um período – um tanto quanto curto – de incerteza, eis que a outra co-produtora, a Walden Media, acerta com a 20th Century Fox a produção de um novo capítulo, intitulado As Crônicas de Nárnia – A Viagem do Peregrino da Alvorada. No entanto, junto com a desistência da Disney, um outro nome importante também decidiu não retornar: o co-roteirista e diretor dos dois capítulos anteriores, Andrew Adamson. Contudo, o que poderia parecer um desastre não cumpriu-se, principalmente por Adamson, como já explicitado mais acima, não realizou um trabalho de destaque nos capítulos anteriores. Sendo assim, o veterano, porém não tão renomado cineasta inglês Michael Apted (Na Montanha dos Gorilas) foi contratado para a função principal de Adamson. E, com ele, retornou um certo “sentimento” do primeiro filme da franquia, já que esta terceira parte traz de volta muito daquela aura de aventura e, por que não dizer, infantilidade de O Leão, a Feitiçeira e o Guarda-Roupa. No entanto, devido a capacidade de comando de Apted, o filme não se tornou um retrocesso, visto que o mesmo soube dosar os estilos dos capítulos anteriores e produziu uma espécie de híbrido entre eles. Sendo assim, A Viagem do Peregrino da Alvorada não é um filme tão interessante quanto Príncipe Caspian, contudo melhor que O Leão, a Feitiçeira e o Guarda-Roupa.

Mais uma vez o elenco principal não convence, tendo como o filme como destaque mais uma vez (à exemplo dos anteriores) nas criaturas e, no caso deste, na presença de um novo personagem, o primo de Lúcia e Edmundo (os dois irmãos que retornaram à Nárnia neste episódio), Eustáquio (interpretado na medida certa por Will Poulter, do divertido O Filho de Rambow), um garoto mimado que redescobre a si mesmo (original, não) após esta temporada no mundo de Nárnia.

Narrativamente As Crônicas de Nárnia ainda não conseguem me cativar e, em especial este capítulo, os roteiristas (três, por sinal) parecem não ter conseguido entrar em consenso, resultando assim num produto final um tanto quanto confuso (nunca fica clara a verdadeira origem do “mal” que assola Nárnia), além do propósito de Aslam, aparentemente o grande ser do mundo, não ser desenvolvido – diga-se dito mesmo. O que, afinal de contas, é Aslam? Qual é a sua história? Qual é o limite do seu poder? Estas e outras questão não foram desenvolvidas em nenhuma das partes da trilogia. Aslam que, por sinal, parece ter sido trocado de intérprete (sua fisionomia está ligeiramente diferente dos filmes anteriores. Será que a empresa de efeitos especiais perdeu a matriz?).

Apesar dessas falhas, A Viagem do Peregrino da Alvorada é um filme divertido, com algumas boas seqüências de ação (apesar de muito semelhantes às de lançamentos recentes, como Piratas do Caribe – ponto positivo – e Fúria de Titãs – negativo) e uma direção até certo ponto segura, que só é comprometida pela fragilidade do roteiro construído. Com uma duração ligeiramente menor que a dos filmes anteriores, A Viagem do Peregrino da Alvorada é mais dinâmico que os títulos anteriores, sem perder em essência devido a isso – no entanto, este capítulo tem mais “cara” de conto do que os anteriores. É válido citar que o vi o filme em 3D (convertido, por sinal) e, apesar da utilização desta técnica, ela aparece apenas em momentos pontuais, que não atrapalham ou distraem o espectador (são alguns pingos de chuva aqui, flocos de neve acolá, nada demais). Dessa forma, aqueles que optarem por visualizar o longa em 2D não perderão nada, já que, como dito, o longa não foi concebido no formato 3D (à exemplo do clássico recente Avatar) e sim convertido após a filmagem em duas dimensões.

Por fim, apesar de se mostrar uma produção esforçada e de deixar uma grande sugestão de seqüência ao final do filme, muito provavelmente esta será a última parte da franquia, visto que a abertura do longa nas bilheterias não foi lá muito boa, com uma arrecadação num período de três dias abaixo do filme anterior e cerca de três vezes menor do que a do primeiro capítulo (apesar das cópias em 3D, onde os ingressos são vendidos mais caros). E, para completar, nesta próxima sexta-feira estréia a aguardada sequencia do filme cult oitentista Tron, Tron – O Legado, acarretando assim em mais um obstáculo para A Viagem do Peregrino da Alvorada dar a volta por cima. Dessa forma, apesar de ser um filme divertido, provavelmente será o capítulo final da ambiciosa franquia que, muito provavelmente, devido a sua grande inconsistência no âmbito geral, será esquecida daqui a alguns anos. Vale conferir, mas não está, com toda a sinceridade, no patamar de franquias semelhantes, como O Senhor dos Anéis e Harry Potter, por exemplo.

Elenco: Georgie Henley, Skandar Keynes, Ben Barnes, Will Poulter, Simon Pegg, Tilda Swinton e Liam Neeson.

:: Ficha Técnica ::

Título original: The Chronicles of Narnia: The Voyage of the Dawn Treader

Gênero: Aventura

Duração: 105 min.

Ano de lançamento: 2010

Estúdio: Fox 2000 Pictures / 20th Century Fox Film Corporation / Walden Media

Direção: Michael Apted

Roteiro: Christopher Markus, Stephen McFeely e Michael Petroni, baseado em livro de C.S. Lewis

Produção: Andrew Adamson, Mark Johnson e Philip Steuer

Música: David Arnold

Fotografia: Dante Spinotti

Direção de arte: Ian Gracie

Figurino: Ian Gracie

Edição: Rick Shaine

Efeitos especiais: Framestore / The Senate VFX

:: Trailer ::

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O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa

Príncipe Caspian

A Viagem do Peregrino da Alvorada

The Numbers (Bilheteria): O Leão, a Feitiçeira e o Guarda-Roupa

comentários
  1. Adorei o blog, e essa postagem em especial. Bastante completa, e as imagens muito bem escolhidas :D.

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